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A escrita cursiva vai morrer?


A polêmica “a letra cursiva vai morrer” é um posicionamento forte entre os acadêmicos e profissionais do mundo da ciência da escrita. Porém, não é à toa que o valor da escrita à mão em tempos de tecnologia se mantém, com benefícios cognitivos comprovados para crianças e para aqueles que sustentam o hábito de escrever.

A letra cursiva traz diversos benefícios. Dentre eles, está o exercício da continuidade do pensamento por meio dos traços uniformes ligados; a vantagem de fixar aprendizados ortográficos e a composição de palavras, frases e textos — fatores que auxiliam diretamente na concentração, na memorização e no foco —; e o auxílio na elaboração de textos mais coesos, algo que é indispensável.

Mas com a era digital, a escrita cursiva tende a morrer? Acompanhe este artigo e veja a conclusão de estudos recentes sobre este tema.

O papel cognitivo da letra cursiva

Estudos realizados recentemente comprovam que a caligrafia cursiva é importante para que as áreas relacionadas ao aprendizado e a memória sejam estimuladas. O resultado se deu a partir do monitoramento da atividade elétrica no cérebro de jovens adultos e crianças de 12 anos enquanto escreviam com letra cursiva, digitavam em um teclado ou enquanto desenhavam as palavras que foram apresentadas.

A conclusão foi que, entre as três atividades acima, a caligrafia foi a que mais ativou as áreas responsáveis pelo aprendizado e memória no cérebro, mesmo quando feita em uma tela digital. Genial não?

Isso, porque tanto a caligrafia quanto o ato de desenhar, fornecem mais experiências sensoriais ao cérebro, o que o deixa mais receptivo a estímulos que favorecem a aprendizagem, por conta da integração sensório motora.

As tentativas de cessar a escrita cursiva no mundo

O avanço tecnológico é inegavelmente um fator de desenvolvimento e nos traz constantemente esta pergunta, mas é fato: a escrita digital definitivamente está longe de fazer parte integral de nosso conhecimento já que este contato acaba sendo superficial e muito longe de atingir o necessário para uma alfabetização. Nos últimos anos, redigir à mão tem perdido espaço para o uso das teclas, mas o fato é que a escrita é um bom meio de fomentar o desenvolvimento intelectual humano. Além disso, ao escrever a criança desenvolve o gosto pela escrita e pela leitura.

Em alguns países, a letra cursiva perdeu espaço para aulas de digitação. Na Finlândia, por exemplo, a partir de 2016, escolas passaram a priorizar o ensino das letras de forma, também chamadas de letra bastão, presente nos textos digitais. Em alguns estados americanos, os estudantes só aprendem letra de forma com a defesa de que o importante é saber se comunicar com clareza e que a escrita de mão, cursiva, é uma tradição, mas como tantas outras podem mudar. No Brasil, apesar de algumas mudanças nas formas de ensinar, o ensino da letra cursiva segue como sendo o mais utilizado.

Uma coisa é fato: especialistas discordam sobre as consequências do abandono da chamada “letra de mão” e a consequência de tais decisões, serão percebidas em longo prazo.

3 estudos que endossam que a letra cursiva não vai morrer

De acordo com os estudos realizados pela professora de Psicologia Educacional, da Universidade de Washington, Virginia Beringer, praticar a escrita manual, formando letras, estimula a mente e auxilia as pessoas a prestarem atenção à linguagem. Beringer também pontua que “a caligrafia e a sequência dos traços envolvem a parte pensante do cérebro”, algo que pode ajudar a exercitar o raciocínio em longo prazo.

A educadora Maria Helena de Moura Neves, professora de pós-graduação em letras da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie afirma em defesa da letra cursiva: “Quando você se põe a escrever, você não se põe a escrever pensando nas letras, você se põe a escrever pensando no sentido que você vai dar. Seus elementos são símbolos, são signos, são coisas mais compactas, com valor em si, e não fragmentos de sinais”, diz.

E mais: um estudo publicado na Revista Nature, em 26 de março de 2021 Intitulado “Comunicação cérebro texto de alto desempenho via escrita à mão” (“Hight performance brain to text communication via handwriting”) discorreu sobre o impacto do aprendizado de caligrafia no cérebro e sua importância cognitiva atemporal, por ser uma habilidade essencial a ser desenvolvida, ainda que o mundo esteja em um período de avanço tecnológico.

Veja que interessante: o estudo documenta o desenvolvimento de um instrumento que permite restaurar a comunicação de pessoas que perderam sua capacidade de falar ou mover-se. O novo equipamento foi desenvolvido com base numa interface cérebro-computador que decodifica a atividade mental correlata à tentativa mental de escrever. A complexidade de movimentos envolvidos ao mentalizar a escrita cursiva é captada no cérebro. como ela é muito maior do que na escrita de letras de forma, e também ao digitar, isso facilita a aprendizagem da máquina, tornando-a muito mais eficaz do que suas antecessoras.

O estudo comprova o que já se sabe: o cérebro aprendeu a ler e a escrever e desenvolveu mecanismos especializados. Esses mecanismos, por sua vez, nos tornaram capazes de novas proezas. Um detalhe importante: se o indivíduo lesionado dominar apenas a escrita da letra de forma ou a digitação não conseguirá fazer o aparelho interpretar seu esforço de escrita.

Por que escrever à mão é importante para o cérebro?

De maneira geral, a caligrafia estimula áreas específicas do cérebro. Digitar é algo mais simples, pois exige apenas uma habilidade motora, de usar os dedos e duas funções cognitivas: a localização espacial do teclado e linguagem. Escrever à mão é uma tarefa muito mais complexa já que exige coordenação motora fina e ativa funções como leitura, memória e gramática.

Mesmo em um mundo cada vez mais tecnológico, precisamos reforçar e continuar estimulando as habilidades da caligrafia já que a escrita estimula partes do cérebro que são responsáveis por funções muito importantes para um bom desenvolvimento cognitivo e motor! Neste artigo destacamos alguns benefícios de escrever à mão para o desenvolvimento motor e cognitivo para você entender melhor este conceito.

A escrita cursiva é primordial e NÃO vai morrer.

A importância da caligrafia, especialmente o domínio da letra cursiva, tem a ver com eficiência: a escrita cursiva dá mais velocidade ao registro, pois o lápis não sai do papel. Ela permite a escrita fluente e, uma vez automatizada, permite que o cérebro cuide de outros assuntos, como a ortografia e, em seguida, o sentido das palavras e a escolha das palavras, no caso de uma redação. Mas a escrita cursiva também tem a ver com a ortografia – a recorrência de movimentos contínuos contribui para fixar a forma ortográfica das palavras no cérebro. Tudo isso já é sabido há séculos e confirmado há décadas.

Recentemente lançamos um artigo que endossa os benefícios da letra cursiva na era digital. Vale a pena conferir aqui.

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